Entre areia, sol e gramado
que se esquiva se dá,
enquanto a falta que ama
procura alguém que não há.
Está coberto de terra,
forrado de esquecimento.
Onde a vista mais se aferra,
a dália é toda cimento.
A transparência da hora
corrói ângulos obscuros:
cantiga que não imploranem ri,
patinando muros.
Já nem se escuta a poeira
que o gesto espalha no chão.
A vida conta-se inteira,
em letras de conclusão.
Por que é que revoa à toa o pensamento, na luz?
E por que nunca se escoa o tempo, chaga sem pus?
O inseto petrificadona concha ardente
do dia une o tédio do passado
a uma futura energia.
No solo vira semente?
Vai tudo recomeçar?
É falta ou ele que sente o sonho do verbo amar?
Autor: Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
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